sábado, janeiro 28, 2006

Poema

Escola Primária Vale Escuro,Lisboa, 1958

João

Continua, João.
João para onde?
O coração diz
uma coisa, a boca
emudece.

João, para onde?
Teus olhos de frente
para a forma das nuvens
não sabem.

A geometria do sol
dilata, João
para onde?
A lua já não faz
o lugar do amor.

Continua, João.
até as estrelas
são pedras
volúveis.
Então, para onde?

O céu bate
no teu lado esquerdo
mas a terra é uma
parte excessiva
em todo o teu corpo.

João, continua
por baixo dos olhos
há um rio de lágrimas
mas também lugares
pessoas que amas.

Continua, João
para onde?
A boca pergunta
o coração esconde.

(In semanário Litoral, Aveiro, 1998)

1 comentário:

mariagomes disse...

belo poema!

maria