João
Continua, João.
João para onde?
O coração diz
uma coisa, a boca
emudece.
João, para onde?
Teus olhos de frente
para a forma das nuvens
não sabem.
A geometria do sol
dilata, João
para onde?
A lua já não faz
o lugar do amor.
Continua, João.
até as estrelas
são pedras
volúveis.
Então, para onde?
O céu bate
no teu lado esquerdo
mas a terra é uma
parte excessiva
em todo o teu corpo.
João, continua
por baixo dos olhos
há um rio de lágrimas
mas também lugares
pessoas que amas.
Continua, João
para onde?
A boca pergunta
o coração esconde.
(In semanário Litoral, Aveiro, 1998)
1 comentário:
belo poema!
maria
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