domingo, abril 30, 2006

Um Poeta sul-africano

Mandela’s Sermon

Blessed are the dehumanized
for they have nothing to lose
but their patience

False gods killed the poet in me. Now
I dig graves
with artistic precision


Sermão de Mandela

Abençoados são os desumanos
pois não têm nada a perder
apenas a sua paciência

Falsos deuses mataram o poeta em mim. Agora
eu cavo túmulos
com precisão artística

Keorapetse Kgositsile in olokum.zip.net

(Tradução: Virna Teixeira)

sábado, abril 29, 2006

A Linguagem do Anti-Lirismo



T.S.Eliot, nasceu em 1888 -tal como Pessoa -para dar um sentido de tragédia à Poesia do século XX, à sua vida e à sua obra, mas algumas décadas depois.
Entretanto a sua existência pretendia ser perfeitamente doméstica e comum. Ao ponto de suscitar a Virginia Woolf umas quantas linhas de piedade estética: «Coitado do Tom – verdadeiro poeta, acho eu; é aquilo que há-de ser considerado daqui a cem anos um homem de génio; e vive assim.»
Parece que Thomas Stearns Eliot vivia o drama de ter casado com uma lady da sociedade londrina, senhora maníaco-depressiva que o fazia passar por entre vitorianas humilhações. E assim ficava subitamente vencido, comovido, trágico e infeliz.
Por esta razão, afirma-se, quiçá de uma maneira simplista e redutora, que a sua obra-prima e um dos poemas maiores do século passado, The Waste Land, tem traços auto-biográficos. Se os têm, em todo o caso eles sublimam-se e passam do terreno do quotidiano para um espaço meta-cultural e meta-histórico, do domínio das mitologias, sobretudo a grega que contribuia para enobrecer os grandes poemas na década de 20.
Às margens do Léman sentei-me e lá chorei… Como se sabe, o Lago Léman fica em Lausanne, e foi perto dele que Eliot escreveu uma parte do poema. Concedendo-lhe, já se vê, um sentido trágico que buscava referentes no Cântico dos exilados hebreus nas margens do Eufrates ou do Tigre.
Era um autor expatriado, culto e jovem, em 1931, e o sentido de tragédia com que estruturara o poema, levando Ezra Pound a torná-lo um Templo mais habitável e aconchegado nos seus somente 433 versos, fazia com que leitores londrinos o lessem por estar a fazer coisas novas. E por ter pensamentos de um neo-iluminismo como nenhum autor de origem rural ( quero dizer norte-americano) os tivera, na Europa, até essa altura. Ainda estavam longe os quase cinco mil versos de Os Cantos ou «as conversas inteligentes» de Pound, não obstante o ano 1915 tivesse assistido à publicação dos primeiros.
Em simultâneo, porém, T.S.Eliot defendia nos seus ensaios o elitismo da cultura. Defendeu, no plano da Estética, o cerebralismo.
Escreveu-se acerca de Eliot que intelectualizou o verso para a poesia se tornar em rigoroso instrumento de análise de um ou mais períodos da História, mas de uma maneira mais simples e telúrica já Walt Whitman fizera o mesmo com uma boa parte dos poemas de «Folhas de Erva».
Ao contrário deste, A Terra Sem Vida é justamente considerado um poema cerebral, repleto de associações de ideias, e representa tudo o que vai na mente do homem contemporâneo, entrevisto paradoxalmente do «interior» dos olhos cegos de Tirésias, a personagem nuclear do Poema, que vê a própria substância da desolação da história.
Todas as referências culturais da magna obra, em fragmentos, como é típico da cultura ocidental ( lemos mais depressa a fragmentada obra de Heraclito do que o volumoso mar divino da Odisseia), todas as intertextualidades, representam no Poema a desintegração da civilização e, diz-se, da civilização da Europa.

He who was living is now dead
We who where living are now dying
With a litlle patience

Poema central na consciencialização estética da crise da cultura moderna, e dos valores morais que iniciaram o seu desmoronamento entre as duas Grandes Guerras, rompe para melhor efeito com o discurso lírico tradicional. O poeta escreve no 430º verso a base estrutural de todo o Poema: «These fragments I have shored against my ruins

Here is no water but only rock
Rock and no water and the sandy road

A Terra sem Vida, publicado em 1922 e reduzido aos seus 433 versos por intervenção estético-cirúrgica de Ezra Pound, il miglior fabbro, é já o mundo movendo-se rumo ao caos, embora o Poema comece com a esperança, truncada e enganadora, do mês de Abril ser o mês dos renovos:

April is the cruellest month, breeding
Lilacs out of the dead land, mixing
Memory and desire, stirring
Dull roots with spring rain.
(João Tomaz Parreira)

sexta-feira, abril 28, 2006

Poema:

Fernando Pessoa
Gravura do artista plástico brasileiro João Luiz Roth

Lá fora a vida

ao acaso iremos lançar os olhos
para um poema
de Pessoa, esquecer

a aritmética
dos sentidos,
a anti-

semântica
das sensações
de quem canta

porque é triste,
tu irás
pendurar o casaco

no espelho
que tem por cima
um cabide,

voltas com
outro corpo,
inalcansável

-dizes,
um verso
de Pessoa

quarta-feira, abril 26, 2006

Amanhã

Amanhã fico triste,
Amanhã.
Hoje não. Hoje fico alegre.
E todos os dias,
por mais amargos que sejam,
Eu digo:
Amanhã fico triste,
Hoje não.

(Autor anónimo)

Poema encontrado em língua yiddish na parede de um dos dormitórios de crianças do campo de extermínio nazi de Auschwitz.

Citado de:
www.atuleirus.weblog.com.pt

Seamus Heaney, uma tradução

Trabalho de Campo

Onde descorava o salgueiro a cada brisa,
onde o olho do merlo amante vigiava,
onde o feto estava sempre verde,

eu ficava parado a observar-te
ias da cancela do curral à encruzilhada
e estendias a mão para colher a roupa limpa nos tojais.

Eu podia ver a tua marca da vacina
retesada no antebraço, e cheirar o cheiro a carvão
do trem que entre nós passa, mercadorias lento,

vagão após vagão cheio de olhos grandes do gado.

(Tradução: J.T.Parreira)

Field Work

Where the sally tree went pale in every breeze,
where the perfect eye of nesting blackbird watched,
where one fern was always green

I was standing watching you
take the pad from the gatehouse at the crossing
and reach to lift a white wash off the whins.

I could see the vaccination mark
stretched on your upper arma, and smell the coal smell
of the train that comes between us, a slow goods,

waggon after waggon full of big-eyed cattle.

(Seamus Heaney)

terça-feira, abril 25, 2006

Notícias da outra margem

A ler: artigo «As Ceifeiras de Pessoa e Wordsworth», em www.famigerado.com/cinco/jtparreira.htm

e poema « A noite urbana» na Comunidade de Cultura na Internet,
em http://kplus.cosmo.com.br/principal.asp

segunda-feira, abril 24, 2006

Trabalho de Campo


Seamus Heaney, Prémio Nobel da Literatura 1995. Ainda em Portugal, com certeza poucos e só no meio académico, tentavamos penetrar nas obras e vida do Poeta, já o país vizinho havia divulgado em galego e castelhano alguns livros do poeta irlandês. Em Barcelona vinha a lume em Outubro de 1995 ( mês da divulgação do Nobel), a versão castelhana do livro The Haw Lantern, edição bilingue. Comprei-a numa livraria de Bilbao, em Fevereiro de 1996. Neste mesmo ano, as Edicións Xerais, da Galiza, publicava a versão galega , bilingue também, do livro Field Work.
Poeta da paixão telúrica, no seu omphalos( o umbigo) que o liga à terra a partir do qual tudo vive, procura com a poesia dos sentidos, homem, mulher, plantas, árvores, animais, fenómenos atmosféricos. Poesia da existência, com algum hermetismo linguístico.
Tanto quanto sei, falou-se sobre o poeta irlandês do norte num Encontro de estudos anglo-americanos, na UC, em 1993. Mas a primeira tradução em Portugal, veio pela pena ( sempre belíssima e competente) de Vasco Graça Moura, a Antologia Poética, da Campos das Letras, em 1998.

sábado, abril 22, 2006

O aparente plural


Aberto o século XX, os poetas chamados
da «Vinte e Sete» uniram o seu ao timbre
de Gil Vicente, de Garcilaso, de San Juan,
de Lope, de Góngora, sim, mas também ao
do vanguardismo europeu, e iluminaram a
contemporaneidade lírica.












Poema de Pedro Salinas

O Pássaro

O pássaro? Os pássaros?
Há apenas um pássaro único no mundo
que voa com mil asas, e que canta
com trinos incontáveis, sempre só?
São terra e céu espelhos? É o ar
espelho do ar, e o grande pássaro
único multiplica
a sua solidão em aparências mil?
(E por isso
lhe chamamos, os pássaros?)
Ou talvez não há um pássaro?
E são eles,
fatal plural imenso, como o mar,
inumerável bando, marulho de asas,
onde o olhar busca e quer a alma
distinguir a verdade do pássaro sozinho,
de sua essência sem fim, do belo uno?

(Tradução: J.T.Parreira)



quinta-feira, abril 20, 2006

Duelos (póstumos)

As Casas

Prometeu ser virgem toda a vida
Desceu persianas sobre os olhos
alimentou-se de aranhas
humidades
raios de sol oblíquos

Quando lhe tocam quereria fugir
se abriam uma porta
escondia o sexo

Ruíu num espasmo de verão
molhada por um sol masculino.

(Luiza Neto Jorge, 1939-1989)

Le Case

Promisse d'esser vergine per tutta la vita
Abbassò persiane sugli occhi
si alimentò di ragni
umidità
raggi di sole obliqui
Quando la toccano vorrebbe fuggire
se aprivano una porta
nascondeva il sesso
Rovinò in uno spasimo d'estate
bagnata da un sole mascolino.

(Tradução:C.V.Cattaneo)

terça-feira, abril 18, 2006

O Tempo que passou

Edição de 1969


A Porta

Gabriel Celaya

Parei-me, pequeno, diante da enorme porta
de madeira escura, com bronzes fabulosos.
Devo chamar? Devo esperar? Devo algo?
Parece que sim. Não sei. Recordo talvez
o menino que procurava chegar ao trinco.
Eu tão-pouco chego, nas pontas dos pés, nem nos sonhos.
E logo a porta abre-se lentamente,
devagar, com o leve guincho de cem séculos,
e põe diante de mim, ansioso, largo, quadrado,
um espelho de prata, e nele, quem não conheço.

(Tradução: J.T.Parreira)


segunda-feira, abril 17, 2006

Duas ( novas) poéticas colaterais

Rum com coca-cola

Naqueles tempos bons,
quando eu me embriagava
tomando doses generosas
de rum montilla com coca-cola,
não havia guerra do Iraque,
o Rio de Janeiro era o centro
da civilização,
Paraíba não existia no mapa
do Brasil,
eu tomava banho de mar
com um maiô emprestado
e gritava:
-Oh Pátria Amada!

(Maria José Limeira, poeta da Paraíba)


Poema inédito

No fío do novelo
no límite da la.
Alí as mañás que amaba,
os sonidos do charol na terra,
no pulso as horas dun tempo impreciso
e esas dúas grandes rodas de liberdade
para fuxir no olor da primavera.
A infancia asómase á varanda desta esquina,
chulas de pan
sucre nos dedos.

(Ana Romaní, poeta da Galiza)

domingo, abril 16, 2006

O motivo da pedra na ressurreição

Gravura de Corinne Vonaesch,
para Gospel of John Illustrated

















"No meio do caminho tinha uma pedra"
Carlos Drummond de Andrade


Havia um anjo no meio do caminho
tinha uma pedra
a meio do caminho

Havia uma pedra
fechada no meio do caminho
sobre ela se desgastaram
os olhos, enviaram milícias
e as mulheres que sonharam
dar o incenso das suas vigílias

No meu caminho havia uma pedra
e nada há mais duro
que a imaginação sem milagre
no meio do caminho havia uma pedra
o meio de pedra
para manter a cidade calada.

1979

sábado, abril 15, 2006

Ode, de Basil Bunting

Ode

A thrush in the syringa sings.

"Hunger ruffles my wings, fear,
lust, familiar things.
Death thrusts hard. My sons
by hawk's beak, by stones, by cat and weasel, die.
From a shaken bush I
list familiar things,
fear, hunger, lust."

O gay thrush!

Ode

Um tordo canta nos lilases.

"A fome franze minhas asas, medo,
luxúria, coisas familiares.
A morte empurra duramente. Meus filhos
pelo bico do falcão, pelas pedras, pela doninha e o gato, morrem.
De um arbusto agitado Eu
alisto coisas familiares,
medo, fome, luxúria.»

O alegre tordo!

(Tradução: J.T.Parreira)



sexta-feira, abril 14, 2006

O Tempo que passou

Montaigne:
«Não me apego aos livros novos porque os antigos me parecem mais ricos e mais sólidos.»

quinta-feira, abril 13, 2006

Edital para os Judeus

(c) Fotografia extraída do «New York Times» on line, publicada ontem, dia 12.


Não devem ir para Leste, os vossos olhos
escuros são recantos de penumbra
pelas ruas, o ódio não desarmou
ainda a morte

Nem para Ocidente, não é bem-vinda
a vossa estrela, o Norte
e o Sul são polos divididos

Ninguém se lembrará das nuvens
de cinza sobre as cidades nocturnas
que vos devolvia ao chão

Sois um arquétipo e o mundo
teme ainda o estranho amor
do vosso início
entre Jeová e Abraão.

quarta-feira, abril 12, 2006

«New York Times» noticia encerramento do Hotel Madrid

BlockquoteAdiós for a Spanish Hotel Where They Dressed to Kill
A traditional hub of bullfighting culture was shut down to be transformed into something decidedly less Spanish: A Hard Rock hotel.

A Corrida

Homem e touro se desarmam

um ao outro

tocam os corpos

como as setas

tocam o alvo

roçam-se o traje de luces y la noche

vão colorindo o vento

até o chão da praça

homem e touro

não se negam

até que o sangue

e a areia se trespassem.

(J.T.Parreira)

terça-feira, abril 11, 2006

Poesia Neerlandesa / M.Vasalis

Pseudónimo de Margaretha Droogleever F.-Leenmans, 1909/1998,
M.Vasalis, psiquiatra, manteve na sua poesia uma dicção simples e directa
sobre temas da natureza e do quotidiano, ainda que com referentes post-simbolistas.

A uma árvore no Vondelpark

Uma árvore de longas tranças verdes foi derribada.
Suspirou como uma criança, numa murmuração,
enquanto caía, cheia ainda de ventos do verão.
Eu vi a carreta em que era puxada.

Oh, como Heitor no carro da vitória, um jovem moço,
cabelos arrastando e um perfume de juventude
que de belas feridas lhe escorria,
a jovem cabeça ainda sadia,
o tronco indomado ainda, garboso.

(Tradução de Fernando Venâncio, in «Uma Migalha na Saia do Universo», Assírio& Alvim)

Grupo Poético de Aveiro -Contactos

Casa Municipal da Cultura Fernando Távora
Sala 5-9
Praça da República
3810-156 Aveiro

Kairouan, de August Macke

Areias coloridas
no ar, grãos
de sol
a descer no
vento,

nos olhos
sobre Kairouan
detonam as
cores -

nas muralhas,
nas guardas
das casas.

3-2-2006

(J.T.Parreira)

domingo, abril 09, 2006

Música

Condoleezza Rice conduzindo
ao piano, a sua orquestra de Câmara.
(Fotografia de Stephen Crowley, no New York Times, de hoje.)

sábado, abril 08, 2006

Duelos

Little Sparta

encontrei o poeta no jardim
molhando as plantas
no regador, escreveu:
"uma rosa é uma
rosa é uma
rosa"

camuflou as flores
trilha de palavras_pistas
aquedutos

pitorescos

no éden a flecha_de eros

diana caça apolo
que caça diana

cansada_descanso
sob a árvore
de Rousseau

(Virna Teixeira)


O Regador de Little Sparta
para a Virna

A brancura
do regador goteja
pérolas

sobre
os lados solares
da rosa -

depois

a tranquilidade branca
do regador
desce

para as míriades
de seixos,
o chão

mudando de cores.

(J.T.Parreira)

sexta-feira, abril 07, 2006

Post para amanhã


«No jardim de Finlay», fotografia de Virna Teixeira

Amanhã, post de dois poemas de Virna Teixeira e JTP, referentes ao Little Sparta, o jardim do poeta escocês Ian Hamilton Finlay, recentemente falecido.

#

No Papel

No papel crio palavras, versos e espaços.

(Ana Maria Costa)

quinta-feira, abril 06, 2006

América


Quando puder ir
ao supermercado
com o coração
nas mãos

com toda a
minha beleza
pagar
vinho e leite

passar os dedos
como código de barras
o qual conta
a verdade.

(J.Francisco Neto)

quarta-feira, abril 05, 2006

Workshop com Charles Bukovski


Poetry

it
takes
a lot of

desperation

dissatisfaction

and
disillusion

to
write

a
few
good
poems.

it's not
for
everybody

either
to
write it

or even to
read
it

(Charles Bukovski)


Poesia

é
preciso
muito

desespero

descontentamento

e
desilusão

para
escrever

alguns
bons
poemas.

não é
para
todos

nem
escrevê-
los

ou mesmo
lê-
los.

(Tradução: J.T.Parreira)

terça-feira, abril 04, 2006

Memória aos 59

Rua Morais Soares, Lisboa


Quando olho para trás, vejo o colapso
da minha infância, a derrocada
dos meus calções de golfe
e camisas aos quadrados,
ao mesmo tempo que o das casas
e dos quartos e das janelas
em que debrucei os meus
primeiros, inocentes olhos
e assim a sucessão
das ruas em lisboa
quando olho para trás
vejo meus pais
a quererem talvez mover-se
para o futuro.

4.4.2006

domingo, abril 02, 2006

Tradurre//Traduzir


Neera

Bacia le labbra umide,
I capelli come fili di seta,
Il petto che freme.

Bacia la tua Neera
Nella notte amica
Degli ingani d'amore.

(Alessandra Sciacca Banti, Pisa, 1972- )

Neera

Bebe os lábios húmidos,
beija
a seda nos fios dos seus cabelos,
os seios inquietos.
Beija a tua Neera
na noite cúmplice
das ilusões do amor.

(Tradução: J.T.Parreira)

Capas para a Poesia

Espiga Pinto, nos anos 60, fazia estas capas para a poesia, também pintava o neo-realismo, as ceifeiras do Alentejo. Essas figuras carregadas de sociologia, da fealdade de um tempo cinzento,
que só tinha a cumplicidade do sol e dos campos claros das searas, estão expostas na Galeria de Arte S.Mamede, em Lisboa, ainda nos primeiros dias de Abril.

sábado, abril 01, 2006

En Attendant Godot

Vamos embora, diz ele-
Não podemos, diz o outro-
Porquê?, pergunta ele-
Estamos à espera do Godot, diz o outro-
Sem a certeza de ser
ali, o que
tinham de fazer
era esperar,
Estragon e Vladimir
ao pé da árvore,
também ela à espera
da estação.