terça-feira, outubro 11, 2005

O poeta começa o dia


Cada manhã lança uma âncora
ao soalho firme, olhos nos pés
como num primeiro espelho
Descer do sono
sacudir-se do pó
cósmico, das estrelas
restos da noite
e marcas dos sonhos
que resistem ainda
Já no mundo os corações
giram apertados, e entre paredes
de tijolo devassáveis
os relógios batem o tempo
em velocidade
O dia lá fora já enverga
fatos e vestidos
rigorosamente matemáticos
-não os seus-
está enfim solto no vento
ave frágil
nos olhos de Deus.

Bom dia!

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