quarta-feira, maio 31, 2006

Cheia

Katrina, Fonte: New York Times


Cheia

O rio leva olhos mudos
postos nas margens
e no impossível

apelam aos ramos
agora tristes

as mãos
turvas não agarram
as águas

o remoinho vai
ao fundo da terra
traz troncos

limpos, frágeis
pesos de um pesadelo

cabeças tentam
manter-se atentas
a água é tumulto

sobre velhas
pedras.

2 comentários:

J.T.Parreira disse...

Claro, Celso, podes usá-los, é para mim uma honra.
Obrigado. Um abraço
João

virna disse...

joão,
belo poema. e também a tradução do bukowski. ando ausente, tive um problema em casa com a conexão da internet. mas hoje publiquei um poema do delmore schwartz, dá uma olhada depois.
um abraço,
virna