sábado, abril 22, 2006

O aparente plural


Aberto o século XX, os poetas chamados
da «Vinte e Sete» uniram o seu ao timbre
de Gil Vicente, de Garcilaso, de San Juan,
de Lope, de Góngora, sim, mas também ao
do vanguardismo europeu, e iluminaram a
contemporaneidade lírica.












Poema de Pedro Salinas

O Pássaro

O pássaro? Os pássaros?
Há apenas um pássaro único no mundo
que voa com mil asas, e que canta
com trinos incontáveis, sempre só?
São terra e céu espelhos? É o ar
espelho do ar, e o grande pássaro
único multiplica
a sua solidão em aparências mil?
(E por isso
lhe chamamos, os pássaros?)
Ou talvez não há um pássaro?
E são eles,
fatal plural imenso, como o mar,
inumerável bando, marulho de asas,
onde o olhar busca e quer a alma
distinguir a verdade do pássaro sozinho,
de sua essência sem fim, do belo uno?

(Tradução: J.T.Parreira)



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