quarta-feira, agosto 23, 2006

Vilegiatura


Edição de 1964



















O Poeta Marítimo

A noite vem de Bornéu
Clotilde se enrola no astracã
A tempestade lava os ombros da pedra
O grande navio ancora nos peixes dourados
Um menino serve-se da história de Robinson
Alguém grita
Pedindo uma outra vida um outro sonho
Um outro crime
Entre o amor e o álcool
Entre o amor e o mar.
Ouve-se distintamente
O respirar das hélices
O céu inventou o vento
A sereia enrola o mar com o rabo.

(Murilo Mendes)

1 comentário:

hfm disse...

Gosto tanto desta edição de que, felizmente, tenho alguns livros. Gosto muito de Murilo Mendes.