quarta-feira, outubro 04, 2006

Despedida

Novos amigos, não quero.
Nem primos, nem descendentes.
Amizade requer provas
na longa extensão dos dias.
Quanto aos netos de meus netos,
sequer ouvirão de mim.

Quero empedrar-me onde estou,
enraizar-me aqui mesmo.
Como alcançarei o cerne
de outras terras, de outras gentes,
se um relógio fatigado
em minhas córneas põe fim?

Novos compêndios, pra quê?
Alfarrábios, muito menos.
Virgens metáforas se perdem,
no crepúsculo definham.
Amigos, filhos, cenários,
adeus, para nunca mais.

(Joanyr de Oliveira)

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