sexta-feira, dezembro 04, 2009

Só o teu nome sobrevive


Zé Fernando, à esquerda, mãe e tia Fernanda, e JTP, 1949



para o meu primo Zé Fernando

Só o teu nome sobrevive
ao coração
a notícia
desatou os empecilhos da manhã
morreste
Morreste tantas vezes no telefone
que tocou
nas casas dos amigos
Um destes dias passarei
pela nossa infância em Santiago:

O céu põe o perfume
das estevas
e acordaremos como dantes
com os ruídos de uma rua de azulejos
Alentejo salpicado de sobreiros

Embora saibamos tudo
agora
que só as tuas laranjeiras sobrevivem
ao sangue
que parou teu coração.

1/12/2009




1 comentário:

rui miguel duarte disse...

"Morreste tantas vezes no telefone
que tocou
nas casas dos amigos"

Cada conversa telefónica terminada representa uma morte, de que só fica o nome, e outros tantos ecos em analepse da morte definitiva.