sábado, fevereiro 14, 2009

O cão de Giacometti

Sou eu. Um dia me vi na rua assim. Um cão.
Alberto Giacometti


O cão da melancolia
procura qualquer coisa, põe o faro
paciente no chão
pescoço longo em baixo como uma tristeza
para pendurar as orelhas

O cão de Giacometti vê
as coisas
de barriga para baixo

O cão cabisbaixo, indiferente
a alegorias
flutua na arquitrave
dos seus ossos

O corpo leva as patas joviais.
14/2/2009

1 comentário:

Eduardo Trindade disse...

Menos mal que são joviais as patas... O poema é instigante. E belo, como outros que cá estão.
Abraços...