sábado, janeiro 30, 2010

Quando toca às 17:45, as crianças querem todas a lua, não no sentido em que Calígula a queria, mas a liberdade de correr uns contra os outros, uns pelos outros, pelo recreio até aos pais e avós.

O meu neto Vasco, veio e disse-me:-Avô, hoje fizemos uma poesia. Que as pedras cantam. Sabes, avô, uma poesia é uma imaginação.

Parei, respondi-lhe a perguntas seguintes que também eu fazia poesias e que sabia que as pedras podem clamar, cantar e chorar lágrimas, sobretudo quando chove.

Mas pensei: ando a ler há quatro décadas pelo menos, Aristóteles, Horácio, Shelley, Johannes Pfeiffer, Todorov, Jean Cohen, Rainer Maria Rilke, e até Marcuse, para saber o que é a Poesia. Ouço cursos de Poética, Estética de Plotino, até o "Carteiro de Pablo Neruda" sobre a metáfora.

E o meu neto, Vasco Parreira, 7 anos, disse-o de uma penada: - Avô, é uma Imaginação. A poesia é uma imaginação.

(Inédito inicialmente editado no Facebook)

1 comentário:

hfm disse...

Com uma frase dessas o avô pode começar a abrir o jogo o pozinho já está lá dentro. Feliz a criança que imagina pedras a cantar. E a partir da pedra pode seguir para o mundo. Parabéns.