Acompanhe aqui os últimos plágios:
as edições fraudadas que temos apresentado aqui no blog surripiam traduções, notas, introduções de: adolfo casais monteiro, etc.etc.
A Poesia é o assunto do Poema - Wallace Stevens . Este Blog não respeita o Acordo Ortográfico.
terça-feira, junho 30, 2009
segunda-feira, junho 29, 2009
A Visitação
Chegas todos os dias na prata
do ar, por tua causa os jardins
movimentam-se de abelhas
o estame das flores
vai tecer raízes em novos lugares
Chegas e fazes saltar os pássaros
das linhas da noite
És poderoso e todavia
mesmo a mão de uma criança
te fecha
As transparências são a tua água
navegável ainda pelo mais fundo
a que os olhos chegam
Chegas todas as manhãs e fecundas
na palidez dos frutos a tua cor
E cada fruto acorda sem precisar de espelhos
Chegas e endireitas o arco
das nossas costas e a nossa alma
foge para ti
26/6/2009
do ar, por tua causa os jardins
movimentam-se de abelhas
o estame das flores
vai tecer raízes em novos lugares
Chegas e fazes saltar os pássaros
das linhas da noite
És poderoso e todavia
mesmo a mão de uma criança
te fecha
As transparências são a tua água
navegável ainda pelo mais fundo
a que os olhos chegam
Chegas todas as manhãs e fecundas
na palidez dos frutos a tua cor
E cada fruto acorda sem precisar de espelhos
Chegas e endireitas o arco
das nossas costas e a nossa alma
foge para ti
26/6/2009
sábado, junho 27, 2009
sexta-feira, junho 26, 2009
Segredo da Matéria
Subo ao sótão e tenho seis anos
pelas escadas que rangem
sob os pés que voam em segredo,
rangem como a porta a abrir
para a luz filtrada dos pavores da infância
onde espero um pouco
por tudo o que me espera desde a eternidade.
Tenho sete anos e a cinza confunde-se com a luz
depositada no tempo. As arcas dão a ver o outro lado
do mundo espalhado pelo chão à minha volta.
Não são objectos mas o próprio mistério da existência
que vai passando pelas minhas mãos
quando tenho oito anos, quando tenho agora
o segredo de uma porta que abre para a casa.
Percorro os caminhos da mesa, da cama, da lareira,
as raízes da casa são o sótão
onde a luz toca nas mãos o infinito.
Subo pelos olhos espantados
e espero ainda pela aurora que me aguarda
aproximando-se lentamente do seu pó.
(Rosa Alice Branco)
pelas escadas que rangem
sob os pés que voam em segredo,
rangem como a porta a abrir
para a luz filtrada dos pavores da infância
onde espero um pouco
por tudo o que me espera desde a eternidade.
Tenho sete anos e a cinza confunde-se com a luz
depositada no tempo. As arcas dão a ver o outro lado
do mundo espalhado pelo chão à minha volta.
Não são objectos mas o próprio mistério da existência
que vai passando pelas minhas mãos
quando tenho oito anos, quando tenho agora
o segredo de uma porta que abre para a casa.
Percorro os caminhos da mesa, da cama, da lareira,
as raízes da casa são o sótão
onde a luz toca nas mãos o infinito.
Subo pelos olhos espantados
e espero ainda pela aurora que me aguarda
aproximando-se lentamente do seu pó.
(Rosa Alice Branco)
quinta-feira, junho 25, 2009
Um poeta da paisagem paulistana
Poesia 2
São anônimas e puras as meninas
Que brincam nas praças. Inspiradas
No dinamismo inocente
De estarem possuídas pelo sol.
Ainda existe
No fundo de todas as praças-parques
Um tempo piedoso gotejando o futuro
Através de tranças e sorrisos.
Somente meninas que brincam nas praças
Sabem colher a vida e retê-la
No coração das rosas.
Só elas sabem a profecia
Que palpita velada
No mistério dos lagos.
E há um instante
No fundo olhar dos meninos
Que só elas adivinham
E eternizam
São brancas e meigas
Como trapos de nuvens
As meninas que brincam nas praças
Quando fecundadas pela ingênua
Dádiva de luz
Que as adora.
Mas eis que a primeira estrela
Surpreende o adeus do sol
E um momento imóvel
Afugente as meninas
Que brincam nas praças.
(E as praças ficam vazias
como a vida)
(Roberto Piva, 1937-, S.Paulo)
São anônimas e puras as meninas
Que brincam nas praças. Inspiradas
No dinamismo inocente
De estarem possuídas pelo sol.
Ainda existe
No fundo de todas as praças-parques
Um tempo piedoso gotejando o futuro
Através de tranças e sorrisos.
Somente meninas que brincam nas praças
Sabem colher a vida e retê-la
No coração das rosas.
Só elas sabem a profecia
Que palpita velada
No mistério dos lagos.
E há um instante
No fundo olhar dos meninos
Que só elas adivinham
E eternizam
São brancas e meigas
Como trapos de nuvens
As meninas que brincam nas praças
Quando fecundadas pela ingênua
Dádiva de luz
Que as adora.
Mas eis que a primeira estrela
Surpreende o adeus do sol
E um momento imóvel
Afugente as meninas
Que brincam nas praças.
(E as praças ficam vazias
como a vida)
(Roberto Piva, 1937-, S.Paulo)
terça-feira, junho 23, 2009
Os Meninos da sua Mãe
Os meninos de Saurimo/Henrique de Carvalho, 1969, foto tirada pelo autor durante a Guerra Colonial em Angola.
Ocorreu-me nesse dia gastar a eternidade
na cara dos meninos, manter o tamanho
das suas cabeças, os seus panos
feridos de África, era o que tinham
um olhar
mantiveram-no fundo e sem sonhar
Os olhos, o ranho, a paz na cara que era deles
não sabiam
como iriam iluminar a câmara escura
do futuro.
22/6/2009
domingo, junho 21, 2009
ars poetica 3
sexta-feira, junho 19, 2009
Voumemborismo (3)
Toada para se ir a Brasília
(fragmento)
Vou-me embora pra Brasília,
sol nascido em chão agreste.
Como quem vai para uma ilha.
A esperança mora a oeste.
Vou-me embora pra Brasília,
por determinação celeste.
Pouco me importa a distância,
lá encontrarei minha infância.
Vou-me embora pra Brasília
porque neste azul marítimo
a paisagem me faz mal.
Por excesso de azul e sal.
Vou-me embora, vou sem mágoa.
O coração do Brasil
deve estar mas em seu peito,
não aqui, à beira d'água.
( Cassiano Ricardo)
(fragmento)
Vou-me embora pra Brasília,
sol nascido em chão agreste.
Como quem vai para uma ilha.
A esperança mora a oeste.
Vou-me embora pra Brasília,
por determinação celeste.
Pouco me importa a distância,
lá encontrarei minha infância.
Vou-me embora pra Brasília
porque neste azul marítimo
a paisagem me faz mal.
Por excesso de azul e sal.
Vou-me embora, vou sem mágoa.
O coração do Brasil
deve estar mas em seu peito,
não aqui, à beira d'água.
( Cassiano Ricardo)
quarta-feira, junho 17, 2009
Voumemborismo (2)
XIV
Vou-me embora vou-me embora
Vou-me embora pra Belém
Vou colhêr cravos e rosas
Volto a semana que vem
Vou-me embora paz da terra
Paz da terra repartida
Uns têm terra muita terra
Outros nem pra uma dormida
Não tenho onde cair morto
Fiz gorar a inteligência
Vou reentrar no meu povo
Reprincipiar minha ciência
Vou-me embora vou-me embora
Volto a semana que vem
Quando eu voltar minha terra
Será dela ou de ninguém.
(Mário de Andrade)
Vou-me embora vou-me embora
Vou-me embora pra Belém
Vou colhêr cravos e rosas
Volto a semana que vem
Vou-me embora paz da terra
Paz da terra repartida
Uns têm terra muita terra
Outros nem pra uma dormida
Não tenho onde cair morto
Fiz gorar a inteligência
Vou reentrar no meu povo
Reprincipiar minha ciência
Vou-me embora vou-me embora
Volto a semana que vem
Quando eu voltar minha terra
Será dela ou de ninguém.
(Mário de Andrade)
segunda-feira, junho 15, 2009
Voumemborismo (1)
Na Poesia brasileira dos anos 30, segundo Mário de Andrade, a partir do poema de Bandeira, da obra-prima de um «estado de espírito», generalizou-se entre os intelectuais o «Vou-me embora para...», incapazes de achar salvação, surgiu a vontade amarga, o dar de ombros, no fundo, a sensação do fracasso total.
Quero ir-me embora daqui!
Quero ir-me embora daqui!
-de mágoa e impossíveis morro.
Irei para a Ilha do Corvo?
Para as praias de Taiti?
Oh! dize, dize-me, tu
que me conheces e sabes
que quero portas sem chaves,
ventos em lábios de bambu,
música da solidão,
largueza de amor eterno,
e, como um pêndulo certo,
sobre o céu meu coração.
Deixo a memória no mar.
E insônias de fina areia
medirão a vida aceita
pela que não pude achar.
(Cecília Meireles)
Quero ir-me embora daqui!
Quero ir-me embora daqui!
-de mágoa e impossíveis morro.
Irei para a Ilha do Corvo?
Para as praias de Taiti?
Oh! dize, dize-me, tu
que me conheces e sabes
que quero portas sem chaves,
ventos em lábios de bambu,
música da solidão,
largueza de amor eterno,
e, como um pêndulo certo,
sobre o céu meu coração.
Deixo a memória no mar.
E insônias de fina areia
medirão a vida aceita
pela que não pude achar.
(Cecília Meireles)
domingo, junho 14, 2009
Um inédito in Poeta Salutor 2
Aqui, dois poemas de B.Lino (a Palestina, inédito) e de J.T.P (a Curva do rio).
sábado, junho 13, 2009
A Curva
sexta-feira, junho 12, 2009
Cuando los niños juegan a la guerra
Cuando los niños juegan a la guerra,
qué tristeza.
Cuando apuntan su arma a nuestro pecho
y es inútil decir que no jugamos,
pues ellos la disparan
e insisten que caigamos por el suelo,
para hacer más real el triste juego.
Cuando los niños crecen, se hacen hombres
y no olvidan el juego de la guerra;
cuando los hombres mueren,
cuando los hombres matan,
qué tristeza.
Niños, no juguéis a la guerra,
que los ombres
lo aprenden todo de los niños.
Cuando los niños juegan a la guerra,
qué tristeza.
(Jose Luis Pernas, 1943- )
qué tristeza.
Cuando apuntan su arma a nuestro pecho
y es inútil decir que no jugamos,
pues ellos la disparan
e insisten que caigamos por el suelo,
para hacer más real el triste juego.
Cuando los niños crecen, se hacen hombres
y no olvidan el juego de la guerra;
cuando los hombres mueren,
cuando los hombres matan,
qué tristeza.
Niños, no juguéis a la guerra,
que los ombres
lo aprenden todo de los niños.
Cuando los niños juegan a la guerra,
qué tristeza.
(Jose Luis Pernas, 1943- )
quarta-feira, junho 10, 2009
Apócrifo camoniano
segunda-feira, junho 08, 2009
sábado, junho 06, 2009
Homage to Pessoa
O sino da minha aldeia
doi na tarde calma.
Toca na aldeia o bronze do sino
como a noite toca
e o tédio é pesado.
Do ar desce dolente
e bate à porta dos velhos, treme
em cada retrato estiolado na parede.
E estranha a alma os ecos e as sombras.
Pesa como uma noite em branco.
O sino da minha aldeia pesa
um silêncio parado.
5/6/2009
doi na tarde calma.
Toca na aldeia o bronze do sino
como a noite toca
e o tédio é pesado.
Do ar desce dolente
e bate à porta dos velhos, treme
em cada retrato estiolado na parede.
E estranha a alma os ecos e as sombras.
Pesa como uma noite em branco.
O sino da minha aldeia pesa
um silêncio parado.
5/6/2009
sexta-feira, junho 05, 2009
Número 12 - Revista Folhas - Letras & Outros Ofícios
quinta-feira, junho 04, 2009
Las Meninas
terça-feira, junho 02, 2009
Visitas, poema de Octavio Paz
Através da noite urbana de pedra e estio
entra o campo no meu quarto.
Alonga braços verdes com pulseiras de pássaros,
com pulseiras de folhas.
Traz um rio pela mão.
O céu do campo também entra,
com o seu cesto de jóias frescas.
E o mar senta-se ao meu lado,
estendendo seu rasto alvíssimo no solo.
Do silêncio rebenta uma árvore.
Da árvore pendem palavras belas
que brilham, amadurecem e caem.
À minha frente, caverna habitada por um relâmpago...
Porém tudo se povoou de asas.
(Tradução de J.T.Parreira)
entra o campo no meu quarto.
Alonga braços verdes com pulseiras de pássaros,
com pulseiras de folhas.
Traz um rio pela mão.
O céu do campo também entra,
com o seu cesto de jóias frescas.
E o mar senta-se ao meu lado,
estendendo seu rasto alvíssimo no solo.
Do silêncio rebenta uma árvore.
Da árvore pendem palavras belas
que brilham, amadurecem e caem.
À minha frente, caverna habitada por um relâmpago...
Porém tudo se povoou de asas.
(Tradução de J.T.Parreira)
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