Poesia 2
São anônimas e puras as meninas
Que brincam nas praças. Inspiradas
No dinamismo inocente
De estarem possuídas pelo sol.
Ainda existe
No fundo de todas as praças-parques
Um tempo piedoso gotejando o futuro
Através de tranças e sorrisos.
Somente meninas que brincam nas praças
Sabem colher a vida e retê-la
No coração das rosas.
Só elas sabem a profecia
Que palpita velada
No mistério dos lagos.
E há um instante
No fundo olhar dos meninos
Que só elas adivinham
E eternizam
São brancas e meigas
Como trapos de nuvens
As meninas que brincam nas praças
Quando fecundadas pela ingênua
Dádiva de luz
Que as adora.
Mas eis que a primeira estrela
Surpreende o adeus do sol
E um momento imóvel
Afugente as meninas
Que brincam nas praças.
(E as praças ficam vazias
como a vida)
(Roberto Piva, 1937-, S.Paulo)
Sem comentários:
Enviar um comentário