Na Poesia brasileira dos anos 30, segundo Mário de Andrade, a partir do poema de Bandeira, da obra-prima de um «estado de espírito», generalizou-se entre os intelectuais o «Vou-me embora para...», incapazes de achar salvação, surgiu a vontade amarga, o dar de ombros, no fundo, a sensação do fracasso total.
Quero ir-me embora daqui!
Quero ir-me embora daqui!
-de mágoa e impossíveis morro.
Irei para a Ilha do Corvo?
Para as praias de Taiti?
Oh! dize, dize-me, tu
que me conheces e sabes
que quero portas sem chaves,
ventos em lábios de bambu,
música da solidão,
largueza de amor eterno,
e, como um pêndulo certo,
sobre o céu meu coração.
Deixo a memória no mar.
E insônias de fina areia
medirão a vida aceita
pela que não pude achar.
(Cecília Meireles)
1 comentário:
Como gosto dela! e este que não conhecia. Um abraço.
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