Elegy for Thelonious
Damn the snow.
Its senseless beauty
pours a hard light
through the hemlock.
Thelonious is dead. Winter
drifts in the hourglass;
notes pour from the brain cup.
Damn the alley cat
wailing a muted dirge
off Lenox Ave.
Thelonious is dead.
Tonight's a lazy rhapsody of shadows
swaying to blue vertigo
& metaphysical funk.
Black trees in the wind.
Crepuscule with Nellieplays inside the bowed head.
"Dig the Man Ray of piano!"
O Satisfaction,
hot fingers blur on those white rib keys.
Coming on the Hudson.Monk's Dream.The ghost of bebop
from 52nd Street,
footprints in the snow.
Damn February.
Let's go to Minton's
& play "modern malice"
till daybreak. Lord,
there's Thelonious
wearing that old funky hat
pulled down over his eyes.
(Yusef Komunyakaa)Elegia para Thelonius
Dane-se a neve.
A sua beleza sem sentido
derrama uma luz dura
através da pala dos arbustos.
Thelonius morreu. Inverno
a cair lentamente na ampulheta;
notas derramadas da taça do cérebro.
Dane-se o gato do beco
que geme silenciosos cantos fúnebres
para além da Avenida Lenox.
Thelonius morreu.
É uma vagarosa rapsódia de sombras esta noite
arrepiando até à vertigem um blue
& um funk metafísico.
Tal as árvores negras no vento.
Crepuscule with Nelliea tocar na cabeça reverente
“Eis o Man Ray do Piano!”
Ó Satisfação,
dedos ardentes ofuscam o marfim nas teclas.
Coming on the Hudson.
Monk’s Dream.
O fantasma do bebop
da Rua 52
deixa pegadas na neve.
Dane-se Fevereiro.
Vamos até ao Minton’s
& tocar "maliciosamente"
até à alvorada. Senhor,
aqui está Thelonious
com aquele velho chapéu discreto
sobre os olhos.
(Trad. J.T.Parreira)