Onde está a criança
que ontem se sentava
sobre a mesa, em porcelana
um galgo salta
no lento espaço da sala
Onde estão as mãos
para as pequenas coisas
as mãos ainda virgens
Onde está o espanto
que escuta no olhar
o tumulto
das futuras águas
E a claridade da sala
é hoje uma luz deixada
por um pássaro
uma seta, abrindo caminhos
na memória
Sentada ainda sobre a mesa
Oh criança serena
sossega a tua língua inquieta.
20/10/2009
2 comentários:
Vários tempos atravessam o poema, a evocação da criança. Criança estática e que salta, age. Essencialmente passa-se no tempo da memória, transita de um para outro tempo. O conflito entre o tempo da evocação e o evocado, que está no âmago de toda a contemplação de uma fotografia.
Da ternura. Um abraço.
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