“Há anos que escrevo o mesmo poema”
J. T. Parreira
Sou ainda o mesmo que fui outrora
ainda hoje os mesmos olhos
olham por dentro das mesmas pupilas
e procuram o mesmo infinito
ainda hoje os mesmos olhos
olham por dentro das mesmas pupilas
e procuram o mesmo infinito
há quarenta anos que sonho
o mesmo sonho
que este passeia pelo monte e lhe cria
um nome, Hebron,
e o soletra letra a letra,
como o nome de um amigo, com
o mesmo suspiro em silêncio
há quarenta anos que espero
então era soldado e lavava
a espada no sangue de gigantes
hoje lavo-a na chuva
que se acumula no vale
sou o mesmo rosto furtivo
à viragem do vento e recalcitrante
à passagem dos dias
há anos que escrevo o mesmo poema
que fala de promessas e de campos largos
e montes para conquistar
a mão do Senhor abrindo a minha
a pulso no papiro
os cabelos que hoje são brancos
já o eram então há quarenta anos:
embora mais longos
© Rui Miguel Duarte
6/03/2015
6/03/2015
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