segunda-feira, junho 24, 2013

ALMOÇO NA RELVA




Trazem as pálpebras semiabertas, o olhar
envergonhado, se pudessem os vestidos
e as calças, as camisas sem o corpo
mas não são invisíveis, um a um, depois
são muitos
trazem o silêncio das mãos, fechado
na prisão dos dedos, carregam
crianças nas veias do sangue
do seu coração, vêm fazer tréguas
com a fome, voltam para casa e fecham
o rosto nas janelas e o nome.

24/6/2013
©

quarta-feira, junho 19, 2013

Delicadeza de Deus


Dos ramos do vento, caiu uma folha
bateu-me
nos cílios. De modo diferente
achei grande a delicadeza
de Deus.
2/5/2013
 
© 

terça-feira, junho 11, 2013

A rosa só num banco de jardim

A rosa sustenta sozinha
os olhos do mundo, dentro
das pétalas um silêncio fundo
a rosa
dispersa-se na vista de quem passa
a rosa esquecida
sem sonhar, agora triste
por não ter as asas
Por ela hão-de passar as nuvens
que apertam as estrelas, depois a chuva
deixará na rosa o rasto
da água pura.

10/6/2013
©

segunda-feira, junho 03, 2013

RACH nº 3


Pequenos jorros de água pura, o que vem primeiro
depois o acariciar as crinas dos cavalos
que esperam, escondidos sob as teclas
começam um tropel, os teclados
surpreendem-se com os dedos do silêncio
então despertam, do fundo
das cordas mais humildes, invisíveis os ouvidos
aguardam do pianista o misterioso vendaval.

3/6/2013
©