terça-feira, setembro 29, 2009

Rotinas

Vai para o emprego às oito
dentro de um perfume e do corpo
do vestido com o cheiro do café

Todos os dias
a boca do fogão
conhece o mesmo lume

Senta-se na frescura da manhã .
que entra pelas janelas do transporte

Conduz o sangue e a adrenalina
que começam como uma força
no trânsito, sempre o mesmo
o emprego e alguns sonhos.

28/9/2009


Nota crítica in bbde.org:
"Como de costume, belo e certeiro nas palavras escolhidas. Em poucas frases resume cirurgicamente o que significa a repetição dos mesmos gestos todos os dias, ao acordar."

2 comentários:

hfm disse...

Encanto-me sp quando vejo um poema feito à volta das rotinas e, se a poética existe, gosto sempre tanto deles. Foi o caso. Um abraço.

rui miguel duarte disse...

Concordo. A rotina sublimada e redimida pelo verbo.