domingo, setembro 24, 2017

AS CRIANÇAS DAQUELA ESCOLA NO MÉXICO





sob montanhas cinzentas 
e montanhas cinzentas”

António Ramos Rosa


Não sabia que se podia levar um dia inteiro
A morrer, com doze anos e com o medo
Do escuro e com tantos meninos à minha volta
Tantos nomes para recordar, não posso
Levá-los todos comigo, já não
Posso respirar por todos, não sabia que este pó
Pesava mais do que o pó de que sou feito
Já não posso esperar mais por essa pequena luz
Teimosa que me chama entre as fendas
Desta montanha cinzenta.

23/09/2017

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quarta-feira, setembro 13, 2017

A ORAÇÃO NO GETSEMANE



Seria bonito desaparecer no ar, voltar a casa
Com o odor no corpo das flores
Que Tu criaste, passar entre as folhas
Das oliveiras como o beijo do vento
Seria fácil mesmo com os joelhos feridos
Do chão de onde a minha prece se elevou
Se assim fosse o que seria dos homens?
Morreriam para sempre na minha dúvida
Se é possível que o cálice passe, seria fácil
Não o tragar, não olhar para trás, evanescer no ar.

13/09/2017
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sexta-feira, setembro 08, 2017

VAN GOGH

(Furacões Katia, Irma e José)



Vivia no paraíso até que o inferno destruiu
A sua orelha, as cores
Abundantes e os ares azuis do mar
As searas de corvos sobre a sua cabeça
Haja arte
E houve os céus a entrarem em colapso
Em fusão nuclear a rebolarem nos ventos
Haja trevas
E houve montes de feno no lugar das estrelas.

08/09/2017

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