A máquina ao escrever azul, escreve
também estrelas, quando é preciso
salientar qualquer verdade
em rodapé, no limiar
dos dedos a máquina espera
para escrever um pássaro
enquanto o poeta passa
os seus olhos pelas cores
também escreve barcos
de quilhas rasuradas pelo mar
a máquina de escrever
tanto azul
é quase um universo.
30/7/2011
A Poesia é o assunto do Poema - Wallace Stevens . Este Blog não respeita o Acordo Ortográfico.
sábado, julho 30, 2011
quarta-feira, julho 27, 2011
Mulher de Azul lendo uma carta
The painter's vision is not a lens, It trembles to caress the light
Robert Lowell
Diziam
que a visão do pintor
não é uma lente, que tremia
ao roçar pela luz, pelo corpo
vestindo-o
de um céu azul
Vermeer pincelou o sol
na parede, cobriu
os olhos
da sólida mulher
que atravessam para longe
cada palavra que lê.
26/7/2011
Robert Lowell
Diziam
que a visão do pintor
não é uma lente, que tremia
ao roçar pela luz, pelo corpo
vestindo-o
de um céu azul
Vermeer pincelou o sol
na parede, cobriu
os olhos
da sólida mulher
que atravessam para longe
cada palavra que lê.
26/7/2011
quinta-feira, julho 21, 2011
A minha pequena Siamesa
As manhãs não entrarão mais
na sonolência dos teus pequenos olhos
os insectos agora
na casa estarão tranquilos
os saltos
que davas na plenitude
do teu corpo, precocemente parados
não envelhecerás como o tapete
da cozinha, azul
sob o qual logravas te esconder
Eu olho para o silêncio
que deixaste por trás dos móveis.
21/7/2011
domingo, julho 17, 2011
A Guerra
Quando as botas se gastaram
a guerra
acabou, era o tempo
para lembrar a casa
destruída, sem quarto
para o pranto, os filhos
sem sapatos, sem um
nome
quando as botas se gastaram
nossos pés nus não
se distinguiram das pedras.
17/7/2011
a guerra
acabou, era o tempo
para lembrar a casa
destruída, sem quarto
para o pranto, os filhos
sem sapatos, sem um
nome
quando as botas se gastaram
nossos pés nus não
se distinguiram das pedras.
17/7/2011
terça-feira, julho 12, 2011
Jacob e o Anjo
(Gauguin, 1888, A luta de Jacob e o Anjo)
A interminável luta, mãos
entre mãos, a voz
nos olhos de ambos, quando os lábios
estão calados
Jacob e Anjo, a luta
recomeçam golpe a golpe
anjos sem armas
no bálsamo da noite, na íntima
tessitura
da música da água.
11/7/2011
A interminável luta, mãos
entre mãos, a voz
nos olhos de ambos, quando os lábios
estão calados
Jacob e Anjo, a luta
recomeçam golpe a golpe
anjos sem armas
no bálsamo da noite, na íntima
tessitura
da música da água.
11/7/2011
quarta-feira, julho 06, 2011
Os Meninos Judeus
por su extrema delgadez y la expresión de sus rostros parecieran ancianos.
Yad be Yad
Os meninos judeus levantam as mãos
desde o fundo do poço
magros de carinho
secos por dentro
acondicionados no incompreensível
persistem ainda em agarrar
uma estrela qualquer
mas só lhes resta uma
baça
de pano amarelo
cozida na roupa.
6/7/11
Inédito de Brissos Lino
Yad be Yad
Os meninos judeus levantam as mãos
desde o fundo do poço
magros de carinho
secos por dentro
acondicionados no incompreensível
persistem ainda em agarrar
uma estrela qualquer
mas só lhes resta uma
baça
de pano amarelo
cozida na roupa.
6/7/11
Inédito de Brissos Lino
domingo, julho 03, 2011
O último sorriso de Sylvia Plath
O que vejo é um sorriso aberto
como uma ave que plana
sobre as ondas
que o vento levanta no deserto
como um animal que recebe a brisa
de olhos fechados
como um dia rasgado, quando se abre
a claridade nas cortinas
O que vejo
é um rosto claro
como um campo de Cnossos
onde o Minotauro fecha o labirinto.
2/7/2011
como uma ave que plana
sobre as ondas
que o vento levanta no deserto
como um animal que recebe a brisa
de olhos fechados
como um dia rasgado, quando se abre
a claridade nas cortinas
O que vejo
é um rosto claro
como um campo de Cnossos
onde o Minotauro fecha o labirinto.
2/7/2011
sexta-feira, julho 01, 2011
Gosto de Música
gosto de música
gosto muito de música
mas não sei se
gosto de gostar de música
porque não gosto de matemática
nem de ciências exactas
gosto de sentir a música
a mexer-se-me nas tripas
a acelerar-me a pulsação
a aquecer-me a pele
gosto de fechar os olhos
e ser soprado para outros mundos
na vertigem da música
sentar-me numa nuvem
na largueza dos espaços
gosto de subir à maior montanha
sem esforço
ao colo da música
e relativizar daí as minudências
da vida rasteira
gosto de ver a dança dos pássaros
e o bailar das ondas
na música
a criança que chora
o velho que tem medo
o jovem que pula
a mulher que ri
e as folhas que se soltam da mãe árvore
no Outono
gosto de ver a Lua branca
as águas calmas do lago
a noiva no altar
e o bezerro no prado
gosto de ti, musa
mulher
a minha música.
29/6/11
Poema inédito de Brissos Lino
gosto muito de música
mas não sei se
gosto de gostar de música
porque não gosto de matemática
nem de ciências exactas
gosto de sentir a música
a mexer-se-me nas tripas
a acelerar-me a pulsação
a aquecer-me a pele
gosto de fechar os olhos
e ser soprado para outros mundos
na vertigem da música
sentar-me numa nuvem
na largueza dos espaços
gosto de subir à maior montanha
sem esforço
ao colo da música
e relativizar daí as minudências
da vida rasteira
gosto de ver a dança dos pássaros
e o bailar das ondas
na música
a criança que chora
o velho que tem medo
o jovem que pula
a mulher que ri
e as folhas que se soltam da mãe árvore
no Outono
gosto de ver a Lua branca
as águas calmas do lago
a noiva no altar
e o bezerro no prado
gosto de ti, musa
mulher
a minha música.
29/6/11
Poema inédito de Brissos Lino
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