sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Poema 24

LE FEU QUI DORT, Mário Dionísio

24

Falar a uma pedra que nos olha sem nos ver
Tocar a pele de um vidro que sem saber deslumbra
apalpar a suave terra que do seu poder não sabe nada
Cantar uma ária d’amor num céu oco que a repete
sem a escutar nem comover-se

Procurar o sorriso terno da lâmina

Andar sempre andar sempre esperar
o que não nasce nem surge apenas do acaso
do calor que flutua pela casa na procela

Conhecer
o fundo sem fim dos velhos espelhos

(Trad.J.T.Parreira)

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