segunda-feira, setembro 07, 2015

À ESPERA DOS OUTROS



“Toda a gente deveria ter um lugar para onde pudesse ir”
Ernest Hemingway


Não os esperávamos, os outros
chegam hoje, subiram com a madrugada.
Os sinos das igrejas os altifalantes das mesquitas
concebem apenas o silêncio.

Não estávamos à espera, mas chegam.
Colos de mães aflitas
perderam seus filhos nas praias
a memória guardada nas malas da noite.

Destinos dissolvem-se em comboios
esperança lenta, trazem os pés feridos
de muitas fronteiras, incapazes de erguer as mãos
aos altos muros de pedra. Chegam com o sangue

do coração escrito nos olhos, chegam
contra a apatia dos senados.


06-09-2015
©



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