segunda-feira, setembro 01, 2014

PEDE-SE RIGOROSO SILÊNCIO



Há silêncios que enchem nossos ouvidos
mais que o trovão, Antígona
a conspirar vingança é um clássico
do silêncio, o silêncio do verso que começa
a costurar o melhor tecido que há em nós

Há muito silêncio no odor a colinas queimadas
o perfume das rosas é um silêncio às cores
o silêncio das janelas que se entregam à noite

Um iluminado silêncio
quando um fósforo vence o vento
e irremediavelmente arde, nas mãos
existe o lugar preferido dos silêncios

E não se pense que o que ocorre numa
estante não é o silêncio, Ulisses fatigado
das lágrimas na praia de Calipso
é um silêncio no Canto Quinto

E o silêncio que durante algum tempo sustemos
num haiku, o silêncio
é um vazio de tudo.

© 



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