Há
silêncios que enchem nossos ouvidos
mais que o
trovão, Antígona
a conspirar
vingança é um clássico
do
silêncio, o silêncio do verso que começa
a costurar
o melhor tecido que há em nós
Há muito
silêncio no odor a colinas queimadas
o perfume
das rosas é um silêncio às cores
o silêncio
das janelas que se entregam à noite
Um
iluminado silêncio
quando um
fósforo vence o vento
e
irremediavelmente arde, nas mãos
existe o
lugar preferido dos silêncios
E não se
pense que o que ocorre numa
estante
não é o silêncio, Ulisses fatigado
das
lágrimas na praia de Calipso
é um
silêncio no Canto Quinto
E o
silêncio que durante algum tempo sustemos
num haiku,
o silêncio
é um vazio
de tudo.
©
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