Nada muda para um gato, as coisas
são dias iguais, mas percebe
pelos passos do amigo, pelas mãos
mais rápidas do que o ar,
ou cheias de sacos de viagem
que alguma coisa não está bem,
que vai sair e depois que a alta sombra
do amigo em casa desabou, porque faltam
uns joelhos onde se sentar, a mão
a segurar o gin tónico na varanda
e os joelhos onde andarão?
A nossa solidão faz falta ao gato,
é uma sombra dele mesmo
quando passa orgulhoso por nós
e nos ignora e adormece
onde nada mudou.
13/8/2013
©
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