terça-feira, janeiro 28, 2014

40º Aniversário do Manifesto "Nova Poesia Evangélica"


J. T. Parreira: “a poesia é a passagem do não-ser para o ser


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Cumprem-se, dentro de dias, quarenta anos sobre a publicação do Manifesto por uma Nova Poesia Evangélica (NPE), simultaneamente no Brasil e em Portugal. Este documento histórico foi assinado no país irmão pelos poetas Joanyr de Oliveira, brasileiro (já falecido) e João Tomaz Parreira, português, e em Portugal também por Brissos Lino.
É tempo de fazer um balanço. Daí a longa entrevista a João Tomaz Parreira.

Entrevista de José Brissos-Lino (c)

sábado, janeiro 25, 2014

JUSTAMENTE, inédito de Rui Miguel Duarte


“… e justamente quando
já não eram precisos
apareceram os poetas à procura…”
Mário Cesariny, “Uma certa quantidade”

justamente — dizes
são os poetas, os que caem e vêm à procura
em cada pedra o sol 
gente, pássaros de regresso ao Norte
do que já não precisamos, do que já temos
a pólvora, a gente, a agitação das ondas
a perturbação da areia
a fugir
justamente — dizes
são os poetas, os que aparecem de repente
quando já
não eram requeridos, 
quando já
foram, estão substituídos
quando já a comida tem sal
que chegue, mas para que precisamos do sal
afinal, se nem temos o vinho?
justamente — dizes
são os poetas, os que doem 
e fingem aqui e acolá, que não 
cantam, mas emitem pássaros
que cantam por eles
quando já não são precisos
quando são poetas

Rui Miguel Duarte
23/01/13




(Busto/Estátua de David Mourão Ferreira, em Oeiras)

quinta-feira, janeiro 23, 2014

Uma mulher sentada em qualquer sítio



Escolheste-me mal
para olhares para mim, os meus olhos
não condizem com a alma
O meu cabelo desatado são pontas
de um verão que insiste
em ser perpétuo, cada um dos meus dedos
enrugou as coisas, à minha volta
o perfume é uma mentira fragrante
mas defende-me, o meu vestido
é apenas um véu
de mulher que deveria ser plausível.


 23-1-2014
©



sábado, janeiro 11, 2014

O Brinco

Vermeer, A rapariga do brinco de pérola


Ali começa a nascer um sistema solar, um planeta
move-se  na orbita do rosto, brilha
ainda uma breve sombra
do abismo
ali de onde a luz se ergue. Um espelho
começa ali naquele rosto
onde a beleza sorri entre os lábios
um silêncio.

11-1-2014

©

quarta-feira, janeiro 08, 2014

NAVEGANDO PARA A TERRA DE NINGUÉM








“That is no country for old man”
W.B.Yeats

 
Ali  não é país para os velhos, os ramos
estiolados das primaveras, as bengalas
gastas a estenderem-se das mãos, enquanto puderam
podaram rosas
altivas nos olhos juvenis, agora
têm a dança solitária da tristeza  
nos seus sonhos, isso não é país
para os velhos, vivem tanto tempo
e pesam demasiado espaço aqui,  há a terra de ninguém
mandem-nos para lá, há pouca certeza
de que sobrevivam, estão grisalhos
mandem-nos para o Ocidente
onde se apaga a luz do sol.

 
7-1-2014
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quarta-feira, janeiro 01, 2014

LIVROS, inédito, de Brissos Lino


 


 

 Vida e sonho em camadas
escada para subir os degraus
da existência

sangue
suor
lágrimas
afectos
crenças
risos
medos
à luz de súbitas latitudes

sopa de palavras e emoções
com cheiro e sabor estranhos

as lombadas do tempo apontam
à aventura dos mundos.

 
30/12/13
 
© Brissos Lino


(O último poema do ano 2013 do poeta)